Escrito por Claudia Visoniem
Modelo fofo da marca Bebês Ecológicos
Antes de ter filhos, eu imaginava que trocar fraldas seria a provação extrema para o amor maternal (e paternal). Na hora H, foi a coisa mais simples do mundo. Parece que a natureza prepara a gente para mexer no xixi e no cocô dos filhos. Não que aquele cheirinho vire perfume francês, mas a tarefa se transforma numa rotina básica.
Mesmo assim, há uma década, quando meus filhotes chegaram, não tive coragem de usar fraldas de pano. E hoje me arrependo do montão de lixo que produzi. Ainda mais porque, nas minhas andanças ecológicas, encontro cada vez mais pessoas que, sem preconceito algum, adotam não só fraldas de pano para seus bebês como absorventes menstruais também de tecido.
Lendo as ótimas instruções do site Bebês Ecológicos (http://fraldasecologicas.art.br/perguntas-frequentes/), descobri um mundo novo. Ali está explicado tim-tim por tim-tim como usar, lavar e organizar a vida usando fraldas de pano que, aliás, não lembram em nada as que conheci há quase 40 anos, quando minha irmã caçula nasceu. No catálogo dessa empresa, que faz parte da Morada da Floresta, encontrei modelos com ótimo design e cores espertas como “bizâncio” e “mentol”. E, por meio do grupo paulistano do Freecycle (http://www.freecycle.org/), conheci Cris Duarte, outra empresária do setor ecofraldal. Ela é proprietária da DiPano (http://www.fraldasdipano.com.br/) e fui visitar seu escritório, cheio de fraldas e de histórias bacanas.
Nos Estados Unidos, a consciência ecológica e a preocupação com a saúde das crianças está fazendo as vendas de fraldas de pano aumentarem loucamente. Lá existe até uma associação chamada The Real Diaper Association (http://www.realdiaperassociation.org/), que significa algo como Associação da Fralda Verdadeira. Veja alguns dos argumentos da RDA contra as fraldas descartáveis:
O produto contém traços de dioxina e tributyl-tin (TBT), substâncias químicas altamente tóxicas;
Para o bebê, o contato com as fibras naturais do algodão é mais confortável;
A temperatura escrotal dos meninos permanece mais alta com a fralda descartável, o que atrapalha o desenvolvimento dos testículos;
Cerca de 27,4 bilhões delas são consumidas por ano nos Estados Unidos, gerando mais de 3 milhões de toneladas de lixo;
Enquanto as descartáveis servem apenas por uma vez e demoram séculos para decompor, usa-se uma fralda de pano até 200 vezes.
Quem não se sente à vontade para aderir à fralda de pano do dia para a noite pode fazer umas experiências mais light. Comprar uma ou duas para ir se acostumando com a ideia e experimentar em momentos pós-cocô. Outra opção (essa sim eu testei e aprovei) é deixar as crianças brincarem sem fralda em alguns períodos, principalmente no verão. Para limpar os bumbuns, em vez dos lencinhos úmidos industrializados, optei por pequenas “pizzas massa fina de algodão úmido” que fabricava com as mãos.
Comprando pacotes de algodão do tipo hospitalar, de 500g ou 1kg, fica bem mais barato e o lixo plástico diminui bastante. Sem falar que o pequeno se livra dos perfumes artificiais e outros aditivos dos tais lencinhos úmidos.
Quando a gente sai por aí com carrinho de bebê, não faltam os avisos dos pais experientes de que “essa fase passa rápido e depois a gente tem saudades”. Jurei que nunca pronunciaria esse clichê. Até porque, não achei tão rápida a primeira infância dos meus gêmeos e ainda não bateu a saudade das fraldas e mamadeiras. Mas juro que fiquei com vontade de experimentar esses produtos. Acho que vou ter que esperar os netos…